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Capítulo Provincial – Província Sulamericana

Uma partilha inicial 17 de janeiro de 2011 – Pe. Aldino José Kiesel, OSFS – Superior Geral

  1. Tenho consciência de que estou diante da Província mais jovem da Congregação: não a mais recente, mas com os membros que, no conjunto, perfazem a média de idade mais jovem da Congregação. Isso por si só representa um potencial de energias, de forças, de vitalidade, que precisam ser coordenadas ao redor da missão como Província de Oblatos de São Francisco de Sales.
  2. Essa realidade da Província – diferentes idades, mas maioria jovens, de diferentes culturas, de diferentes etnias e nacionalidades – traz, de outro lado, desafios das mais diferentes origens. Potencialidades e desafios andam juntos nesta Província.
  3. O que nos orienta para unir e orientar nossas potencialidades, e também para superar os desafios é a consciência de nosso carisma como Oblatos de São Francisco de Sales e a clareza de nossa missão nesta realidade de América do Sul e Caribe. Aí está certamente uma das tarefas do governo da Província: levar os membros a manter viva a consciência do nosso carisma – “o espírito de São Francisco de Sales”, adquirido pelo “Diretório Espiritual para as ações de cada dia” (C 14) – e ajudar os membros a ter a clareza de nossa missão nesta realidade. Constituição número 11 nos lembra que realizamos “o serviço à Igreja no mundo de hoje, vivendo e difundindo a doutrina salesiana”, e o número 12 esclarece que “o serviço à Igreja poderá revestir-se de todas as formas que nossa época exigir”. Isso faz com que nossas obras podem mudar historicamente, porque as exigências eclesiais mudam ao longo da história.
  4. Além do acima, apresento algumas REFLEXÕES INICIAIS sobre alguns pontos que, ao meu ver, precisariam ser enfocados pelo próximo governo provincial:
    a) Definir prioridades para a Província – As nossas obras são os lugares onde vivemos nosso carisma e realizamos nossa missão. É o nosso carisma e a nossa missão que nos iluminam na definição de quais obras são prioridades na Província. Juntamente com a definição de prioridades é bom elencar as razões para tais prioridades: por que queremos manter tal e tal obra; por que estamos abertos a fechar tal e tal obra. Essa definição certamente ajudaria no sentimento de unidade na Província e evitaria tensões no momento de decisões a serem tomadas. Para chegar a isso o governo precisaria envolver os coirmãos num processo participativo de discernimento.
    b) Encaminhar as consequências de ter uma obra prioritária. Exemplo: se Haiti é uma obra prioritária para nossa Província, precisamos dar os encaminhamentos neste sentido: preparar ao menos mais um ou dois coirmãos (habilitar na língua e capacitar para trabalhar na formação). O mesmo em relação a outras obras prioritárias.
    c) Trabalhar a questão do senso de pertença. Essa Província tem algumas características que a tornam muito única. Podemos ver com olhos positivos o fato de que, apesar de sermos poucos membros, estamos presentes em quatros países (=espírito missionário); de outro lado, há o risco de certa dispersão: até que ponto cada membro sente-se pertencente à Província? Como cultivar esse senso de pertença? Não seria bom evitar ter somente uma comunidade em um país? (Como aproveitar esta semana para crescer neste sentido, na comunhão?)
    d) Vida comunitária – Jovens hoje estão sensíveis à vida comunitária. Encontrei-me recentemente no Benin com um grupo de seis vocacionados, os quais claramente expressaram que o que buscam é vida comunitária. “A vida fraterna é um dos aspectos que os jovens mais procuram quando se achegam à vida de vocês; é um elemento profético importante que oferecem numa sociedade fortemente individualista” (Papa ao Superiores Gerais em novembro de 2010). Nossa vida comunitária atrai jovens? Não poderia ser um princípio: evitar ao máximo que Oblatos vivam sozinhos?
    e) Formação permanente e papel dos superiores – Falamos muito de formação inicial nos últimos anos; creio ter chegado a hora de olhar de frente a realidade de nossa formação permanente, continuada. O superior local exerce uma importância fundamental.
    f) Questão da inculturalidade e espírito salesiano – Somos de diferentes nações, culturas, etnias, idades… Como trabalhar essas diferenças, de modo especial na formação inicial? Quais aspectos de nossa riqueza salesiana ajudam-nos mais diretamente a unir-nos numa mesma missão? A nível de toda a Igreja e VR este é um desafio sempre mais presente.
    g) Coordenar e orientar as potencialidades que existem na Província. Há tantos esforços pessoais, atitudes quase heróicas de alguns coirmãos na Província. Isso anima e nos faz sentirmos orgulhosos. O governo precisa estar atento aos dons dos coirmãos, direcionando-os de modo que expressam nosso carisma e nossa missão como Oblatos.

QUESTÃO ANTERIOR ÀS ELEIÇÕES – A partir do acima, podemos ver que há questões anteriores à questão das eleições do novo provincial. Desejo tratar de uma dessas questões anteriores, a qual eu chamaria de questão da governabilidade. Significa: que condições vai ter o próximo governo de governar a Província? Essas condições dependem da atitude dos membros que formam essa Província. Se o provincial e conselheiros encontrarem em todos os membros a atitude de disponibilidade para servir onde for necessário, abertos ao diálogo e com uma atitude de colaboração para buscar os melhores caminhos para toda a Província, a atitude de liberdade interior para ir onde for necessário, a disposição de servir com todos os talentos e dons recebidos, e também de colaborar economicamente com o sustento da Província (não somos mais Região!), então podemos dizer que há boas condições de governabilidade.
Se, de outro lado, o novo governo encontrar atitudes que revelam pouca liberdade interior, pouca disponibilidade, pouca prontidão e pouca abertura ao diálogo, pouca disponibilidade para colaborar com o sustento econômico da Província, então tudo ficará certamente mais difícil para o novo governo. É certamente não honesto colocar a cruz nos ombros de alguém que ainda não sabemos quem é… Trata-se da questão de governabilidade no espírito de pessoas consagradas, que têm no Senhor o Absoluto de suas vidas.
A questão principal é, portanto a Província: nossa missão na Igreja e na sociedade da América do Sul e do Caribe.