Viva + Jesus
Embora Francisco de Sales não tenha uma reflexão específica sobre a Semana Santa, ele nos enriquece com suas sábias reflexões sobre as celebrações centrais dessa semana.
A Eucaristia
Ele tinha uma consideração muito elevada do valor da Eucaristia: dizia que ela é “o sol de todos os exercícios espirituais”, o centro de nossa fé cristã, o coração da verdadeira devoção (IVD 2,14). Alimentar-se da carne de vida de Cristo requer uma vida eucarística como a do próprio Cristo, longe de uma vida marcada com os afetos da morte (IVD 2,20).
Santa Joana de Chantal testemunhou que Francisco de Sales, ao celebrar a eucaristia, “estava concentrado em Deus, com profunda reverência”, e ele tinha um rosto tão calmo e sereno que impressionava, de modo especial na consagração e na comunhão, isso afetava os corações de todos.
A escola do amor
Francisco de Sales traz para bem perto de nós o que aconteceu com Jesus na sexta-feira santa. “Considere o amor com que Jesus Cristo, Nosso Senhor, tanto sofreu neste mundo, principalmente no Jardim das Oliveiras e no Monte Calvário. Esse amor tinha em mira a você”. Estando no madeiro da Cruz, o Coração do nosso querido Jesus contemplou o coração de cada um de nós, e nos amou (IVD 5,13). Ele diz que suportar as imperfeições do nosso próximo é uma das principais características do amor. Nosso Senhor mostrou isso na Cruz (Mary Grace Flynn, VSM em Temas Salesianos Seletos, p. 187).
É no final de sua famosa obra Tratado do Amor de Deus que encontramos as suas mais belas reflexões sobre a paixão de Jesus no Calvário (TAD, XII,13). Para ele, o monte Calvário é a verdadeira escola do amor. A morte e paixão de Nosso Senhor é o motivo mais doce e mais violento que possa animar os nossos corações nesta vida mortal. Viva Jesus cuja morte mostrou quanto o amor é forte!
Na escola nós aprendemos. Na escola do Calvário nós aprendemos como seguir Jesus em todas as circunstâncias da vida, até o fim. Sempre um com o Pai, Jesus amou seu Pai até a derradeira entrega na cruz. Tal morte nos salvou. Quando nós seguimos Jesus imitando sua união de vontade e de coração com o Pai, na vida e na morte, participamos em sua obra salvadora, e aplicamos os frutos de sua redenção ao nosso mundo de hoje. É precisamente deste modo que a profecia da Boa Madre em relação a nós Oblatos é realizada. Desta maneira, Jesus é visto outra vez andando sobre a terra como o Salvador do mundo, agora em nós.
Por isso, quando Francisco de Sales nos ensina a rezar ele diz: “Sobretudo, recomendo-lhe a oração mental, a oração do coração, e, especialmente, a que se ocupa com a vida e Paixão de Nosso Senhor” (IVD 2,1).
Ressurreição, eternidade
A vida de união com Cristo nesta vida alimenta o desejo de eternidade. Santa Joana testemunhou sobre Francisco de Sales: “O seu espírito estava constantemente concentrado na bem-aventurança da eternidade” (Mary Grace Flynn, VSM em Temas Salesianos Seletos, p. 717). “Quão pronto estaremos no reino da eternidade! E então veremos quão pouco contam todos os assuntos deste mundo, e quão pouco importou se tivemos sucesso ou não; mas, mesmo assim, agora os perseguimos como se fossem grandes coisas. Quando éramos crianças, quão zelosamente juntávamos pedacinhos de tijolos e madeira e um pouco de barro para fazer casas e edifícios pequenos! E, se alguém nos destruía, quão tristes estávamos e como chorávamos; mas agora vemos como tudo isso era sem importância. Um dia, experimentaremos a mesma coisa no céu, quando vemos que aquilo a que estávamos apegados, não era nada mais do que fantasia de criança” (Francis de Sales, St. Selected Letters NY: Harper and Brothers, 1960, p. 152).
Pe. Aldino J. Kiesel, O.S.F.S.